Há muito que a junta da União de Freguesias de Covilhã e Canhoso alerta a Câmara Municipal da Covilhã para a degradação do edifício multiusos do Canhoso, onde funcionam os serviços autárquicos daquela freguesia. Este fim-de-semana aconteceu o que se temia: o teto desabou.
Esta segunda-feira o executivo da União de Freguesias de Covilhã e Canhoso convidou os jornalistas a verificarem o cenário onde funcionava, até ao início de janeiro, a secretaria da junta de freguesia do Canhoso.
O presidente da junta daquela união, Carlos Martins, explica que o desabamento deste fim-de-semana foi “o fim” de uma situação que se arrasta desde que assumiu funções naquela união de freguesias.
“A questão da humidade neste edifício já existe há muito tempo e isto é como tudo na vida. Há um início, um meio e um fim. E chegamos praticamente ao fim, porque as infiltrações quando não eram muitas, nós tentamos minorar a situação, mas a verdade é que as chuvas têm sido intensas e as infiltrações começaram a ser demais. Portanto, quando nós vimos que havia o risco de o teto onde funciona a secretaria no Canhoso ruir, tomamos a decisão de encerrar aquele local e transferimos o serviço da junta para o Centro de Enfermagem. Dois dias após, ruiu parte do teto, e este fim-de-semana, a funcionária que veio trabalhar viu a miséria que está aquela situação. Felizmente não apanhou ninguém”, disse Carlos Martins aos jornalistas.
O autarca da Covilhã e Canhoso esclareceu que, neste âmbito, tentou reunir com o presidente da Câmara, tendo a união enviado “mais de 30 emails” sobre o assunto, sem qualquer resposta ou “intenção” de resolver a situação, tendo mesmo recorrido a uma “advogada administrativa para ajudar”.
“O presidente esteve cá em abril de 2021, ele viu a situação; o vereador Zé Miguel esteve em 2020, também viu a situação. Em 2021 um engenheiro veio levantar as necessidades e até agora nada foi feito”, ressalvou.
Carlos Martins reitera que “não há condições para receber os fregueses” e que “a junta tem as suas limitações financeiras”, relembrando ainda que “quem é o proprietário do edifício ainda é a CMC. Isto é da responsabilidade do presidente e se tivesse havido um sinistro, um dano mais grave, ou algum ferido, a responsabilidade seria criminalmente da CMC”.
O presidente da UFCC “lamenta” a atitude do edil covilhanense, acusando-o de “má fé” para com aquela União de Freguesias e a sua população, destacando, para além desta obra, a falta de apoio a outras iniciativas e a inexistência de protocolos entre ambas as entidades do poder local.
Este é mais “um alerta” – diz o presidente da junta – para, “de uma vez por todas”, o edil resolver aquilo que é reivindicado desde sempre: “as obras de impermeabilização do terraço, para evitar as infiltrações e não acontecer aquilo que já aconteceu”.
Para além disso a UFCC diz que vai pedir a avaliação do espaço que alberga o Centro de Enfermagem e o BUPi, “porque também tem infiltrações. Não são tantas, a gravidade não é tão grande como do outro lado, mas vamos solicitar uma vistoria. Não vale a pena pedirmos à CMC porque não a fazem, portanto vamos fazer essa vistoria através do privado para que possamos saber se este espaço está em segurança e se não acontece o mesmo que aconteceu ali ao lado”, anunciou o autarca do Canhoso.
Contactada pela RCB, a Câmara Municipal da Covilhã já reagiu, por escrito, e diz que “o problema está identificado”, estando já “em curso, nos serviços municipais, o procedimento de contração de serviços externos para a realização de obras com vista à correção das referidas infiltrações”.
O município afirma ainda que “dentro do cumprimento da lei, tudo fará para que a intervenção decorra com a maior brevidade possível”, rejeitando “qualquer acusação de «má-fé»” por parte da UFCC e reafirmando “o seu empenho em prol do desenvolvimento de todas as freguesias do concelho”.
Refira-se que no Edifício Multiusos do Canhoso está a funcionar o centro de Enfermagem, para onde foi temporariamente transferida a secretaria da junta; o serviço BUPi do município covilhanense; estando ainda prevista a abertura de uma creche privada, mediante aluguer do espaço por parte da Câmara Municipal, onde, de acordo com o presidente da União de Freguesias, o município já “mandou fazer reparações de cobertura, apenas nessa ala”.