O juízo do comércio do Fundão do tribunal judicial da comarca de Castelo Branco decretou ontem a insolvência da associação cultural e recreativa de Caria, detentora do alvará da “Rádio Caria”. A acção foi interposta pelos antigos jornalistas Nelson Fernandes e Sérgio Gomes por créditos devidos em conjunto superiores a 51 mil euros.
De acordo com o tribunal, os requerentes “provaram factos da existência de créditos laborais de cada um deles” sobre a associação, tendo declarado a sua insolvência e decretado a apreensão, para entrega imediata de todos os elementos da contabilidade da devedora e de todos os seus bens a Ana Maria Amaro que foi indigitada como administradora da insolvência.
O tribunal fixou ainda um prazo de 30 dias para a reclamação de créditos. O relatório final vai ser apresentado em assembleia de credores que está marcada para dia 30 de Abril às 11h00. Nuno Soares é o actual presidente da direcção da associação.
Num comunicado emitido na sua página oficial nas redes sociais, a direcção da associação recorda que assumiu funções em Abril de 2024 “com plena consciência das dificuldades financeiras” da rádio com “pagamentos pendentes à autoridade tributária, à segurança social e a alguns fornecedores, num montante que não ultrapassava os 30 mil euros”.
A direcção afirma ainda que foi garantido que, no que respeita aos funcionários “nada mais lhes seria devido além de dois meses de salários em atraso” e afirma que nunca esperou que “meses depois os funcionários movessem uma ação de insolvência, reclamando valores na ordem dos 50 mil euros”.
A instituição refere que procurou todas as soluções possíveis: “negociar, criar um plano de pagamentos faseado e encontrar uma alternativa viável para resolver a situação”, afirmando-se “surpreendida com esta acção que deitou por terra todos os esforços que vínhamos a desenvolver”.
Admitindo que “a Rádio Caria pode estar à beira do fim”, a direcção garante que “no pouco tempo que ainda existe” vai continuar “a lutar e a tentar encontrar os apoios e soluções que possam surgir”, mas sublinha que foi colocada “perante um cenário que nunca imaginou e que poderá ditar o fim de um projecto que é de todos”.