O Museu de Arte Sacra da Covilhã tem patente até final de junho, a exposição “O Alentejo e a Covilhã”, com obras do mestre José Vinagre e da artesã Sónia Vaz. A mostra pretende revelar e valorizar os laços históricos e culturais entre o Alentejo e a Beira.
Dar visibilidade a práticas e tradições partilhadas entre as duas regiões, evocando fenómenos sociais como o da migração sazonal de trabalhadores beirões para as ceifas alentejanas, é o objetivo da exposição.
A organização explica que “o hábito de inúmeros grupos de homens partirem, de aldeias e vilas da Beira Baixa, para ceifar em terras alentejanas é tão antigo e inalterável, que ficou bem patente na expressão ‘Os ‘ratinhos’ da Beira, são os ceifeiros do Alentejo!’”.
A expressão, usada por vezes de forma depreciativa, faz alusão a um “enorme grupo de ratos devorando as searas alentejanas”, e estendeu-se também à cultura material destes trabalhadores, nomeadamente às peças de faiança que transportavam para as refeições, conhecidas como Faiança Ratinha, associada à produção cerâmica de Coimbra.
Segundo a explicação divulgada pelo Museu, essas peças eram muitas vezes utilizadas como moeda de troca por produtos como trapos e panos, os quais mais tarde dariam origem às mantas ratinhas, tecidas durante o inverno. Por essa razão, os ceifeiros eram também conhecidos como “troca-trapos”.
A exposição aborda ainda outras práticas ancestrais que ligam as duas regiões, como a transumância entre as pastagens de montanha e as planícies, com destaque para o Baixo Alentejo (Campo Branco) e a Serra da Estrela.