A Diocese da Guarda tem inventariados cerca de 700 edifícios e mais de 11 mil objetos do seu património móvel, imóvel e imaterial. Um número “insuficiente” para a coordenadora do departamento de Património, Cultura e Turismo daquela diocese, que, apesar dos desafios, pretende dar continuidade ao inventário, pelo menos, até 2026.
Dulce Helena Borges falava no passado sábado, no Fundão, no âmbito da segunda edição do Fórum Património, Cultura e Turismo, organizado por aquele departamento da Diocese da Guarda.
Para a coordenadora daquele setor, é “urgente” concluir o inventário do património móvel, imóvel e imaterial da diocese. Tarefa que tem vindo a ser realizada “há anos” e parece ainda longe de estar completa.
“Entre 2007 e 2011 havia inventariado, em Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Gouveia, Pinhel, Rochoso, Seia e Trancoso, cerca de 700 edifícios, 11 mil 786 objetos móveis. Também tinha algum inventário em Sabugal, Alpedrinha e na Guarda, onde terá registado o património da Igreja da Aldeia Viçosa, da Sé Catedral e da Igreja de São Vicente. Isto é, de facto, ainda insuficiente, parece-nos que existe ainda muito património por inventariar. E a diocese apenas dispõe de uma técnica superior responsável pelo inventário”, revelou Dulce Borges na sua intervenção.
A falta de recursos humanos na área do património e da cultura é um dos desafios à promoção e salvaguarda do legado religioso. A coordenadora do departamento cultural diz já ter apresentado ao Bispo da Diocese, propostas para reforço de trabalhadores, mas ainda sem efeito, lamentando terem deixado “fugir a oportunidade” de estágios com o Instituto Politécnico da Guarda.
Dulce Helena Borges explica que o departamento tem vindo a chamar a atenção para os períodos em que “as universidades colocam estágios à disposição”, sendo possível “alocar esses jovens para trabalharem nas paróquias, nas dioceses, em colaboração com os museus, na salvaguarda, recolha, estudo e divulgação”.
Recursos que também iriam facilitar a inventariação de património de forma digital, uma vez que “já se encontra em curso o programa A Paróquia”, implementado o ano passado em toda a diocese.
De acordo com a coordenadora de Património, Cultura e Turismo, trata-se de um “programa de gestão paroquial” com diversos separadores, “onde os párocos e as comissões paroquiais, devem registar diversos assuntos, como batizados, casamentos, etc. e onde há também um separador destinado ao património artístico das paróquias”.
Mas Dulce Borges tem “algumas dúvidas” se os párocos das localidades onde já foi realizado o inventário, “já tiveram oportunidade ou meios de realizar a introdução dos dados nesse programa”, acreditando que “têm muitas dificuldades e muito trabalho”.
A coordenadora apela, por isso, a que todas as paróquias introduzam os dados relativos ao património histórico-cultural na plataforma informática, apesar de defender um sistema “exclusivamente dedicado ao inventariado”.
A conclusão do inventário do património móvel, imóvel e imaterial da Diocese da Guarda é um dos cinco eixos do plano de trabalho do departamento de Património, Cultura e Turismo aprovado para o triénio 2023-2026.
Nele estão ainda estabelecidos a criação de normativos para intervenção do património; criação de roteiros turístico-religiosos; protocolos de cooperação; bem como a adoção de uma política de comunicação capaz de cumprir o objetivo de promoção, divulgação e salvaguarda do património cultural e do turismo religioso.