O Governo Português, em acordo com o Presidente da República, decidiu aprovar a declaração de luto nacional no dia em que se realizem as exéquias de Manuel Cargaleiro.
O pintor e ceramista, mas que se dedicou igualmente ao desenho, ao têxtil ou à tapeçaria, para além disso ficará seguramente na história da arte como renovador de uma das mais reconhecidas identitárias formas de expressão artística portuguesa que é a azulejaria, foi homenageado na região. Em 2017, no dia em que assinalou 246 anos de cidade, Castelo Branco entregou a medalha de ouro, o mais alto galardão do município, ao mestre Manuel Cargaleiro que agradeceu “verdadeiramente emocionado e com muito amor por Castelo Branco.”
Em julho de 2022, a Universidade da Beira Interior (UBI) atribui o Doutoramento Honoris Causa ao artista Manuel Cargaleiro, o primeiro a ser outorgado pela academia a uma figura ligada às Artes Plásticas.
“Este Doutoramento Honoris Causa representa o reconhecimento da UBI a uma personalidade da Beira Baixa, natural de Vila Velha de Ródão (distrito de Castelo Branco), que alcançou projeção internacional pelo talento demonstrado como ceramista e pintor”, referiu a UBI.
Um ano depois, em 16 de fevereiro de 2023, o Presidente da República condecorou Manuel Cargaleiro com a Grã-Cruz da Ordem de Camões numa cerimónia que decorreu no Palácio de Belém.
Nascido a 16 de março de 1927, em Chãos da Servas, em Vila Velha de Ródão (Castelo Branco), Manuel Cargaleiro, pintor e ceramista, passou por Itália e França, sendo a sua especialidade os azulejos e a sua mais recente obra foi feita em parceria com o Vhils.
Entre as diversas obras da sua autoria contam-se a passagem para cerâmica das estações da Via Sacra do Santuário de Nossa Senhora de Fátima; os painéis de cerâmica para o Jardim Municipal de Almada; o painel de azulejos para a fachada da nova Igreja de Santo António, em Moscavide; uma medalha da autoria do escultor Lagoa Henriques para comemoração do 25.º aniversário da atividade artística de Manuel Cargaleiro; e os painéis de azulejos de diversos locais públicos em Portugal, e da estação de metro “Champs-Élysées – Clemenceau”, em Paris.
Ao longo da carreira de várias décadas conquistou prémios nacionais e internacionais, bem como diversas condecorações: Comenda da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada de Portugal, agraciado pelo Presidente da República, General Ramalho Eanes (1983); Grau de Officier des Arts et des Lettres, atribuído pelo governo francês (1984); Grã-Cruz da Ordem do Mérito, condecorado pelo Presidente da República, Mário Soares (1989); Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (2017); Magister di Civiltà Amalfitana, atribuído na XVII edição do “Capodanno Bizantino”, em Itália, (2017). Em 2019, recebeu a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Primeiro-ministro António Costa e pela Ministra da Cultura, Graça Fonseca. Foi ainda homenageado no distrito de Setúbal e autarquias de Almada, Seixal, Vila Velha de Ródão, Castelo Branco e Paris.
Em 2005 a sua obra passa a estar reunida no Museu Cargaleiro, que resulta da parceria entre a Fundação Manuel Cargaleiro e a Câmara Municipal de Castelo Branco, tendo sido ampliado em 2011.
O primeiro-ministro reagiu à morte de manuel Cargaleiro, recordando-o como “Artista multifacetado, conhecido do grande público sobretudo pela sua obra como pintor e ceramista, Cargaleiro dominou a cor e a geometria de forma marcante, imprimindo à arte contemporânea portuguesa um traço inconfundível”, deixando “um legado reconhecível por diversas gerações de portugueses”.
Luís Montenegro lembra-o também como um homem do mundo que não deixou de ser “um cidadão sensível às suas origens, tendo escolhido Castelo Branco para instalar o seu Museu e a sua coleção, permitindo a tantos visitantes um conhecimento mais vasto da sua obra. Deixa um legado que muito prestigia a arte portuguesa e Portugal”.