A Capela de Santa Bárbara, nas Minas da Panasqueira, celebra 100 anos esta segunda-feira. População da freguesia de São Jorge da Beira e aldeias vizinhas, juntou-se para assinalar o centenário daquele templo, na mesma data em que se celebra a padroeira dos mineiros, conferindo um feriado extra à classe trabalhadora.
Construída em 1923 na aldeia da Panasqueira, freguesia de São Jorge da Beira, a Capela de Santa Bárbara mantém-se erguida há 100 anos.
“É a capela de Santa Bárbara, a padroeira dos mineiros e por isso é que estamos a fazer esta celebração: pelos 100 anos de capela e também pelo dia de Santa Bárbara”, disse esta manhã à RCB, o autarca da freguesia, Paulo Quintela.
Naquela capela, a santa padroeira é evocada pelos painéis de sua vida, oferecidos pelos trabalhadores das Minas da Panasqueira. Um templo que foi ampliado em 1942 e já foi alvo de “algumas obras”, lembrou o presidente da junta, afirmando que o santuário, “hoje está em bom estado”.
Foi lá que se celebrou a missa em honra de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros que, de acordo com Paulo Quintela, continuam a representar “a maior parte da população de S. Jorge da Beira, mas também das anexas, das outras aldeias. Desde o concelho da Covilhã à Pampilhosa da Serra, todos os mineiros celebram e veneram muito a Santa Bárbara”, lembrou o autarca, que também já passou por aquela profissão.
Viriato Braz, que fez parte desta classe trabalhadora durante 20 anos, conta como a “tradição e a devoção” estão enraizadas naquelas gentes e lembra que também em Sobral de São Miguel “há uma capela dedicada a Santa Bárbara que também foi feita pelos mineiros” e antigamente, no dia 4 de dezembro, realizava-se sempre uma alvorada de fogo de artifício. Era a maior festa que lá havia porque havia muitos mineiros”, recorda o antigo residente da Panasqueira.
Hoje são menos os trabalhadores das Minas da Panasqueira. Em tempos chegou a preencher 10 mil postos de trabalho. Atualmente continua a ser a maior empregadora local, mas com cerca de 300 empregos diretos.
Apesar da “falta de mão de obra”, referida por um outro ex-mineiro, as minas de volfrâmio seguem o seu trabalho e o presidente de São Jorge da Beira, acredita que “ainda temos mina para alguns anos” e espera que “haja ainda mais, que se consiga fazer outra prospeção e que haja por anos e anos, que dê para nós e para os que aí vêm”, apesar de saber que o fim da extração “algum dia irá acontecer”. De qualquer maneira, a cultura mineira “será sempre identitária deste território”, diz.
Uma identidade que fica na história daquela e outras freguesias mineiras, quer seja através do Museu Mineiro, de outros projetos que têm em vista a revitalização das escombreiras, para outros fins, ou através da devoção a Santa Bárbara no dia 4 de dezembro, como aconteceu esta segunda-feira, pela mão da junta e da comunidade mineira e cristã.
Depois da missa e da procissão, a festa contou com a atuação da Banda Filarmónica Sanjorgense e os Cavaquinhos de S. Jorge da Beira.