O Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) diz que é “um caso isolado”, que envergonha os bombeiros, mas não se pode confundir uma corporação centenária, que todos os dias defende as suas populações, com um grupo de pessoas.
António Nunes falava, à comunicação social presente, à saída da reunião que manteve com o Comando, no quartel dos Bombeiros, depois do caso dos 11 bombeiros detidos pela PJ pelos crimes de violação e coação sexual.
“É um caso isolado, circunscrito, que aconteceu, que não deveria ter acontecido, é um caso que envergonha todos nós, bombeiros, que todos os dias defendemos as nossas populações.”
António Nunes pediu à população que confie no corpo de bombeiros do Fundão, “a população tem de confiar no corpo de Bombeiros do Fundão, tem de confiar que a direção e o comandante estão a fazer tudo para que a PJ, o MP, investigue, obtenha provas e leve a tribunal quem tem de ir a tribunal” e garantiu que direção e comando estão a fazer tudo para que se apure a verdade, “internamente está a decorrer um processo que pode levar a demissões administrativas que não tem nada a ver com o que se passará no tribunal”.
Questionado pela comunicação social se a reação do comando não foi tardia, o presidente da LBP remeteu para o comunicado, emitido ontem pela direção e comando dos bombeiros do Fundão onde esclarecem a situação.
António Nunes esclarece ainda que não existe prática de praxes nos bombeiros portugueses.
“Nunca ouvi falar em praxes nos bombeiros, a única praxe que eu conheço nos bombeiros é quando um bombeiro passa a bombeiro de terceira ser molhado por elementos da corporação com água de uma viatura e os comandantes por vezes também são molhados, e quando a alguém é imposto os galões se lhe dá uma pancada no ombro com mais força.” O presidente da LBP acrescenta que “nós não estamos perante uma brincadeira, estamos perante um crime”, que não pode acontecer em nenhum dos mais de 500 quarteis de bombeiros que existem no país.
Questionado se a LBP vai tomar alguma medida preventiva, António Nunes, diz que “não é preciso medida nenhuma, porque nós sentimo-nos de tal forma envergonhados que foi o suficiente para despertar em todos nós, se eventualmente algum estivesse mais distraído, tenho a certeza absoluta que todos nós ficamos mais despertos para situações como esta que não podem acontecer.”
Salvaguardando o princípio de presunção de inocência, António Nunes diz que quem cometer um crime que não respeite a dignidade do ser humano não merece estar nos bombeiros, “porque a nossa primeira missão é salvar pessoas, com dignidade e todos os dias o fazemos, eu recordo que os bombeiros transportam 1,2 milhões de doentes e sinistrados para os hospitais. O bombeiro tem uma ligação muito grande às suas comunidades.”
Uma ligação que ganha outro significado em comunidades como o Fundão, “nós estamos num sítio onde, provavelmente, toda a gente conhece os bombeiros e nestas comunidades é normal haver uma reação. É um momento de dor.”
Motivo que levou a Liga a deslocar-se ao Fundão, onde vai realizar a primeira reunião do conselho executivo, a 7 de janeiro de 2026, “para dar um sinal que nós não esquecemos que estão a passar um mau momento e que nós queremos ajudar.”















