No ano em que comemora 50 anos de atividade e em que se celebram os 50 anos do 25 de abril, o Teatro das Beiras promove o ciclo “e agora abril”, que apresenta ao longo do ano várias atividades em que pretende debater abril.
” A Censura no Teatro” é o tema da exposição que abre o ciclo “e agora abril”, que o Teatro das Beiras promove ao longo do ano.
A mostra é concebida pela Companhia de Teatro de Almada e pelo Arquivo Ephemera para o Teatro Municipal Joaquim Benite, que depois de estar patente em Almada é apresentada na Covilhã.
A documentação é da responsabilidade de José Pacheco Pereira e Rita Maltez, sendo a cenografia e instalação de José Manuel Castanheira e a pesquisa e textos de Guilherme Filipe.
A exposição pode ser visitada a partir desta quarta-feira, 10 de abril, até 7 de maio de 2024, no Foyer do Teatro das Beiras (de segunda a sexta-feira, das 10h às 13h e das 14h30 às 18h).
Sobre a exposição:
A Censura foi talvez a mais eficaz arma do regime da ditadura, cujos efeitos ainda hoje sentimos. Muito mais do que a subversão do “político”, o que a Censura protegia era o poder, todas as hierarquias que dele emanavam, exigindo, mais do que respeito, “respeitinho”. Em 48 anos, em que não houve um único dia sem Censura, foi este o seu legado.
O teatro foi um dos muitos objectos da actividade censória. Debruçamo-nos sobre o caso da peça Deus lhe pague, do dramaturgo brasileiro Joracy Camargo (1898-1973), que, tendo sido “aprovada”, sofreu ainda assim uma tal quantidade de cortes que tornavam a sua representação um verdadeiro desafio. O Arquivo Ephemera possui o exemplar “autorizado” — em que assenta esta exposição —, no qual é possível verificar os cortes dos censores e compreender a mentalidade e os objectivos de quem cortava, mesmo aprovando.