Foi lançado na passada sexta-feira, 12 de janeiro, o quarto volume da obra “Madeiro – Fólios de Poesia”. Sobre a “arte” do madeiro já escreveram dezenas de poetas portugueses e espanhóis. O objetivo é chegar a uma centena, naquela que será a quinta e última edição da compilação editada pelo município de Penamacor para divulgar e preservar a tradição.
Desde 2020 que a “arte de cultura popular” enraizada na comunidade de Penamacor e de toda a região da Beira, se junta à arte da poesia, da pintura e da fotografia, através da obra “Madeiro – Fólios de Poesia”.
O quarto volume foi lançado agora, no início de 2024, com poemas de 30 autores de Portugal e Espanha, onde partilham a mesma tradição. Mas o imaginário do madeiro vai além da Península Ibérica.
“Estes quatro espólios de poesia permitiram-nos ter um leque muito grande de personagens que vão desde o norte de Itália ao sul de França, ao Brasil, como tivemos este ano a presença de um poeta brasileiro que nos transmitiu quilo que era para ele a tradição das fogueiras de natal e levou-nos a perceber que esta questão das fogueiras ligadas ao ciclo natalício tem uma abrangência muito maior do que a própria vila de Penamacor, do que o próprio concelho, do que a própria região, do que a própria Península Ibérica. Ou seja, Penamacor apenas centra toda esta vontade de fazer crescer o madeiro”, explicou à RCB o responsável pelo projeto, André Oliveirinha.
O arqueólogo avança que, em quatro edições de “Fólios”, foi possível envolver “diretamente cerca de 100 poetas, com 20/25 por cada edição”, mas o anseio é conseguir “chegar aos 100 poetas, fechando com a quinta antologia dos Fólios”.
Ainda assim, André Oliveirinha admite que “nunca está tudo dito e, mesmo à quinta edição há de sempre ficar alguma coisa por dizer e escrever. Há que rever todas estas cinco edições e perceber efetivamente isso: é uma porta aberta para o mundo, tal como a esperança do madeiro é”, remata o responsável.
Para o presidente da Câmara Municipal de Penamacor esta edição, tal como as anteriores, vem “materializar a imaterialidade” do madeiro, sendo mais uma peça do trabalho que tem sido realizado pelo município, trabalhando “a componente imaterial, não só aquela vertente do que é a tradição de carregar o madeiro e deitá-lo no adro da igreja, mas também de todos os usos e costumes associados às tradições do madeiro e à tradição natalícia”.
António Luís Beites reitera a vontade de fechar o ciclo “com a quinta edição, a produzir este ano de 2024”, considerando que este será “Um ciclo muito bem composto do ponto de vista imaterial, em prol de um engrandecimento da cultura penamacorense em redor do madeiro”.
A penúltima edição do “Madeiro – Fólios de Poesia” contou com a presença de um poeta de Penamacor, António Rico, e da representante dos autores espanhóis Aida Acosta . A representar as artes esteve o artista plástico Pedro Leitão e o pintor Gabriel AV que ofereceu duas das suas pinturas à Câmara Municipal de Penamacor.