Penamacor registou, em 2023, um crescimento real da população, que não acontecia há meio século. O anúncio foi feito na passada quinta-feira, 5 de junho, durante a apresentação do relatório de caracterização da situação e dinâmica imigratória na Beira Baixa, promovido pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB) e elaborado pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB).
O estudo mostra que o concelho de Penamacor passou de um saldo negativo para um saldo migratório positivo: foram mais 130 habitantes por via da imigração do que os 81 perdidos por saldo natural negativo, o que resultou num crescimento efetivo de 49 residentes em 2023.
“Este crescimento e esta inversão populacional acontece pela primeira vez nos últimos 50 anos e vem valorizar a estratégia de desenvolvimento do nosso concelho”, apontou António Beites, presidente da câmara de Penamacor e vice-presidente da CIMBB, citado em comunicado.
O número de residentes estrangeiros em Penamacor passou de 58 em 2008 para 440 em 2023, refletindo um aumento de mais de 650%. Entre as principais origens destes novos residentes estão o Reino Unido e a Alemanha. Os dados da Beira Baixa no seu conjunto mostram uma subida de 265,6% de estrangeiros legalizados em 15 anos.
Para António Beites, estes imigrantes “fazem cá falta”, considerando, no entanto, que estes devem estar “bem integrados”. O edil referiu ainda que este estudo “é necessário” para conhecer os novos residentes, “porque é que cá estão e porque é que continuam a vir mais”.
O relatório integra cerca de 400 inquéritos a imigrantes, entrevistas e focus groups com entidades locais, e revela que a perceção da comunidade sobre os estrangeiros é, em geral, positiva. Destaca-se a contribuição dos imigrantes para a economia local, manutenção de serviços essenciais e revitalização social.
Mas o estudo alerta também para a necessidade de estratégias robustas de inclusão, sublinhando obstáculos como o acesso à habitação, barreiras linguísticas e dificuldades nos serviços públicos. Neste sentido, são propostas medidas e eixos estratégicos para atração, fixação e integração dos imigrantes, com vista a um desenvolvimento territorial sustentável.
A apresentação dos dados foi apenas a primeira fase de um estudo mais amplo, que pretende continuar a acompanhar e informar políticas públicas na região nos próximos anos.